quinta-feira, 24 de novembro de 2011

23 de novembro

       Sentei no chão. Sentia meu corpo cada vez mais pesado. Levantei; fui para um lugar mais tranquilo. Ao perceber que em lugar nenhum eu cabia, voltava para o topo do prédio. Ainda no caminho, me dei de cara com você, sentado logo à minha frente. No mesmo instante dei meia volta. Meu coração palpitou. Pedi calma. Recebi. Ao acaso minhas amigas vinham na minha direção. Ah, e sem perceber que eu estava fugindo, conversávamos. Mas eu sabia que eu devia voltar. Refiz meu caminho. Você ainda lá. Coloquei os fones no ouvido e passei pelo trajeto anterior, como se somente eu estivesse ali. Não te olhei. Não pude olhar. Ao subir alguns lances de escadas, parei onde seria impossível me observar parada, pensando. Em você. Meu coração continuava a palpitar. Mais forte agora. Pedi mais uma vez calma. Que bem que recebi. Agora, já consegui.
     Estou aqui em cima e me encosto numa espécia de parapeito. “Watching the Ships Roll In” começa a tocar e eu entro num estado de nostalgia, quase um transe. A chuva que caia adocicava o clima. As batidas me lembravam você. E o meu olhar permaneceu no horizonte. Fechei os olhos. Me perdi e não te vi mais. Foi só um momento. Mas agora, percebo que a música e a chuva me fizeram muito melhor. Pensar em você seria perda de tempo. Mas aí, “Try and Love Again” começa a tocar. Me recuso!Me recuso! Em você não! Se antes não foi, por que agora meu?
    A música já acabou e eu devo ir. As pessoas já chamam para o compromisso. Achando tudo estar indo pro lugar certo. Tola. “This boy” vem aquecer meu coração mais uma vez. Em você não… Não agora…

M.S.

     Watching the Ships Roll In – The Kooks

                                                     

                                          Try and Love Again – Eagles

 

  This Boy – The Beatles

 

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Esse teu jeito…

      Me vem você. Um todo. Misterioso, magnético. E me lembro da ansiedade em te ver. “Bisver”. Entre olhares, te encontrar. Entre palmas, te sentir. E só assim. É tão distante, é tão ardente, essa chama que vem pra mim. Desse teu jeito, singelo e simples, que de algum jeito me escapo a sorrir. Mas ironia, ah, ironia, veja o que faz comigo. Me confunde, me ilude, daquilo que nem experimentei. Todo meu, eu te sinto, assim, junto ao meu corpo. Bem colado, num abraço, todo apertado, nesse nosso jeito torto. Desajeitados, atrapalhados.
     Me irrita, me vira do avesso, me bota de jeito, no meu lugar. Me corroi, me desfaz, em meia vida diante de ti. Só não se cale, não se vá, não se tire deste lugar... Se não também saio daqui.

M.S.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

O novo

Me olha, me cativa, invade o meu ser.
Me coloca, de volta, no lugar que sempre achei pertencer.
Me abre, me devora, todo esse meu coração.
Que te chama, te clama, “me enche de paixão”.

Se disser, se vier, vem com teu amor.
Subentendido, não dividido, só com teu calor.
Mas não saia, se pensar, que bem eu vou continuar,
Se achar, ah, meu bem, que nem cheguei a me apaixonar.

M. S.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Tão

        Na mania de dizer que estou perto mas me sinto longe, nada posso contrariar. Tão perto ficas, tão longe que estar. Seu olhar não se encontra o meu e há de um dia querer encontrar. Tuas mãos não se encaixam na minha e até esse pensamento não cabe mais ao meu coração.
       Tão maravilhosa sua presença de homem. Tão tão vidrante sua forma dissimulada. Tão encantado é esse teu semblante, quando escreve poesias amadas. E assim “Perco-me em desejo, em fogo e paixão. Quero-te de braços dados, mas não alcanço sequer tuas mãos”. Foi assim o que você disse, é assim que eu quero dizer. Mas eu sei, infelizmente eu sei, que isso não vem pra mim. Mas vem, vem esse seu olhar misterioso, passando pelos meus. Rápida passagem. Não te fez nem a vontade, de olhar de volta, os seus.
      E fica tudo tão obscuro, tão sem caminho seguir. Se é você que deixo ir ou se em ti, me ver partir. Mas eu já me sinto indo e indo, sem lugar para endireitar. Só os meus anseios, que se voltam para ter contigo, não só para ser mais um amigo ou que melhor seja, para te chamar de amor.

Mel