Pode- se dizer que esse ano foi um pouco complicado para mim. Nesse caso, a palavra “pouco” suaviza a complexidade dos problemas. No entanto, foi um ano de aprendizado, de conquistas e respostas. Considero um ano de oração e de paciência. Esses dois primeiros refletem primeiramente nos meus queridos sábados do EAC. Mas tudo estendendo para o meu cotidiano. E acho que a paciência veio com a virtude de saber ouvir. Aprendi muito a ouvir. Ouvir, ouvir e ouvir. A fala foi deixada. Grande erro. Só fui botando tudo dentro de uma caixa. Até agora não sei aonde que fica essa caixa. Se ela consome o meu coração ou se atormenta a minha mente. Ouso em dizer que ela habite meu inconsciente e que talvez muitas atitudes são feitas como uma defesa do meu corpo. Algo que acaba sendo natural. Assim como você já não coloca a mão no fogo e você nem sabe que você faz isso, se defende. Como se fossem habilidades de lidar com aquilo. Na verdade, uma habilidade disfarçada, pois acabamos virando tolos.
E essa de não falar, de não querer machucar, acabei pensando muito nos outros. E aquela velha história de que no final “você explode” não é tão mentira assim. Você começa à noite, chorando, sozinho. Mais tarde, você pode estar de joelhos pedindo aos céus. É como se “uma pedra no meio do caminho” virasse um muro. Esse muro pode ser muito bem seu coração. E acredite. Fechar o coração é muito fácil.
É triste dizer, mas a partir das mesmas dores, o seu coração se torna firme e deixa de ser sensível ao corte como uma carne crua. Nada parece tão bonito quanto parecia. Tudo chega a ser meloso. Você não acredita mais no amor. Nem a segurança de que pode amar ou a que é amada(o). Tanto faz, afinal. E assim você se acha cada vez mais forte, mais madura ou até sábia porque não chorou ou não caiu sobre aquele assunto que parecia ser profundo. Mais uma vez a habilidade disfarçada, como se soubéssemos lidar com tudo. Até o momento que você cai.
O cair é feito por um abraço do seu amigo, um palavra querida. Acredite: a repressão não leva à “conversão” , no sentido de tirar o coração de pedra e voltar a ser de carne. São as palavras mais simples e só, e somente só, sinceras que trazem a reabilitação. E se a dor permanece, se a dureza estremece e ainda não caiu, um dia há de cair. Porque somos feitos de carne e totalmente de carne. A alma que liga tudo e não deixa apenas uma parte, a mais querida, ser de concreto: o coração.
Mel
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